Existem em torno de 100 trilhões de microrganismos vivendo dentro do nosso corpo, que serve como um micro ambiente que hospeda esses pequenos companheiros, num processo chamado simbiose.
Para que a simbiose funcione é preciso existir equilíbrio entre as partes, isto é, o ambiente precisa ser favorável para os microrganismos e os microrganismos precisam ser benéficos para o hospedeiro. Entretanto, nem todos os habitantes do nosso corpo são positivos, alguns podem causar infecções e doenças, gerando inclusive alterações epigenéticas.
Atualmente existem muitas formas de modular o conjunto de microrganismos (a microbiota) de modo que se crie um ambiente saudável e funcional, principalmente através da ingestão de outros organismos, de certos alimentos ou de compostos orgânicos. 💡
Probióticos
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, probióticos são “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do hospedeiro”.
Para que um microrganismo seja considerado um probiótico, ele precisa cumprir uma série bem rígida de pré-requisitos: não ser patogênico, ser geneticamente estável e resistente a bacteriófagos, produzir ácido láctico, ser tolerante a sais biliares, enzimas e mudanças de pH, sobreviver e aderir efetivamente ao trato gastrointestinal, apresentar propriedades anti-genotóxicas e ter uma vida útil prolongada, de modo que chegue vivo e ativo ao intestino mesmo depois de armazenado por muito tempo antes da sua ingestão.
O objetivo dos probióticos não é apenas colonizar o hospedeiro com espécies benéficas, mas também fazer com que estas compitam com as espécies patogênicas pela adesão ao epitélio gastrointestinal, por nutrientes e no antagonismo de produtos antimicrobianos, estabelecendo um balanço adequado para o funcionamento do organismo. 🧘
Apesar da competição, os probióticos não podem substituir completamente as espécies neutras e patogênicas do organismo, porque é a interação entre todas o que modula o sistema imune.
Os probióticos mais utilizados no mundo são Lactobacillus e Bifidobacterium, frequentemente encontrados em laticínios fermentados, e podem auxiliar no tratamento de diversas doenças, como diabetes tipo 2, autismo, osteoporose, doenças cardiovasculares, cânceres e alergias.
Prebióticos
Diferentemente dos probióticos, os prebióticos não são organismos vivos. São componentes alimentares que não são digeridos no trato gastrointestinal, geralmente fibras e carboidratos de várias estruturas moleculares diferentes, e que auxiliam no metabolismo das espécies benéficas da microbiota.
Os critérios para seleção de prebióticos demandam que eles não sejam fermentados pelas bactérias da boca e nem absorvidos no intestino delgado, devem ser resistentes aos ácidos estomacais, sais biliares e enzimas hidrolisantes do intestino e devem servir de substrato para a fermentação pelas espécies benéficas, permitindo seu crescimento saudável. 🦠
As principais fontes de prebióticos são as plantas, alimentos ricos em fibras, como frutas, vegetais e cereais. Banana, frutas vermelhas, tomate, cebola, alho, folhas verdes, linhaça, trigo, aveia e cevada são alguns exemplos de fontes naturais. Existem prebióticos artificiais, como galactooligossacarídeo (GOS), frutooligossacarídeo (FOS) e inulina, que podem ser adicionados a alimentos e preparações.
Posbióticos
Este termo foi criado recentemente e designa a suplementação com metabólitos ou subprodutos bacterianos que sejam bioativos, de modo que possam ser ingeridos sem a administração de organismos vivos.
Posbióticos incluem diversas substâncias como vitaminas, enzimas, ácidos orgânicos, aminoácidos, alguns neurotransmissores e os famosos ácidos graxos de cadeia curta (SCFA). 💊
Ensaios clínicos utilizando SCFA como posbiótico apresentaram resultados positivos na redução dos sintomas de asma, pneumonia, colite, artrite e gota.
Simbióticos
Os simbióticos surgem da administração conjunta de probióticos e prebióticos, uma combinação sinérgica que amplifica as propriedades de ambos.
O objetivo é melhorar a sobrevivência e a adesão dos probióticos através do trato gastrointestinal fornecendo substâncias prebióticas para eles. Esta estratégia estimula seletivamente tanto o crescimento das espécies probióticas quanto das espécies benéficas nativas do hospedeiro, não apresentando efeitos em prováveis patógenos.
O uso de simbióticos reduz a concentração de metabólitos indesejáveis e inativa substâncias cancerígenas e nitrosaminas, aumentando os SCFA, acetato de metila e cetonas, que geram um efeito positivo no hospedeiro. Além disso, pode melhorar a função hepática de pacientes com cirrose, a imunomodulação, a prevenção de translocação bacteriana e aumentar os níveis de Lactobacillus e Bifidobacterium, gêneros muito importantes no equilíbrio da microbiota. O consumo regular de simbióticos auxiliou no tratamento de casos de dermatite atópica, hiperlipidemia e doenças gastrointestinais, entretanto, o consumo excessivo pode levar à diarreia e inchaço abdominal.
A combinação mais popular de simbióticos é entre bactérias dos gêneros Bifidobacterium ou Lactobacillus com FOS, GOS e inulina.
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